Prevenção de seroma com utilização de selantes biológicos e sintéticos

  • Artigo publicado em: 8 setembro, 2017
  • Categorias:

Por Joel Jacobovicz

A formação de seroma é uma complicação pós-operatória comum em cirurgia plástica estética e reconstrutora.  Qualquer procedimento cirúrgico que envolva a elevação de retalhos extensos de tecidos, e presença de espaço morto, apresenta risco de formação de seroma.  Abdominoplastias, plástica de face, mamoplastias, prótese mamária e reconstruções mamárias estão associados a esta complicação.

Embora a presença de seroma muitas vezes não apresente implicância clínica, ocasionalmente sua presença pode persistir por meses requerendo múltiplas aspirações, com um período de recuperação prolongado.  Isto pode levar a aumento no risco de infeção, impotência funcional, deficiência de cicatrização e cicatrização de baixa qualidade.

Mediadores inflamatórios (histamina, prostaglandinas e adenosina) liberados dos tecidos manipulados cirurgicamente também facilitam a formação de seromas.  O processo inflamatório local aumentado e concentração iônica local alterada pelo maior aporte de volume e presença dos mediadores inflamatórios, levam a formação de uma diferença de concentração osmótica.  Esta teoria do gradiente osmótico poderia explicar a associação entre seromas e hematomas.  Acredita-se que seromas evoluem da lise de pequenos hematomas no campo operatório.

Os métodos empregados, atualmente, para prevenção de seromas incluem curativos pós-operatórios compressivos, imobilização e drenagem fechada com catéteres de sucção, além do emprego de suturas que diminuiriam o espaço morto.  Estas medidas podem apresentar o inconveniente de aumentar o processo inflamatório.

Diversos estudos experimentais iniciais têm mostrado que cola de fibrina poderia ser útil para obliterar espaços mortos e com isso minimizar o risco de desenvolvimento de seroma.  As colas (selantes) de fibrina existentes à disposição no comércio são feitas de derivados sanguíneos humanos.  As colas de fibrina feitas a partir do próprio paciente  teriam uma eficiência menor como selante que outros selantes biológicos comerciais.  Os selantes sintéticos eliminariam a necessidade de doação de sangue além de evitar o risco de transmissão viral, porém, apresentam um custo elevado e merecem mais estudos.

Existe uma limitação importante de estudos que comparem as características quanto as ações adesivas dos principais tipos de selantes biológicos e sintéticos empregáveis tais quais: a cola de fibrina comercialmente disponível, a cola de fibrina a partir de único doador e o selante sintético de polímero de gel. A questão sobre qual selante teria força tênsil significativa em adição a ação hemostática, com mínimo de complicações e inconvenientes ainda é bastante controversa.

Este fascinante assunto atrai a atenção dos pesquisadores e nosso há anos, e vemos com grande otimismo as novas perspectivas no sentido de controlar definitivamente esta complicação que traz muita frustração aos cirurgiões e pacientes.